Entre os dias 13 e 15 de novembro, São Paulo recebeu a XXIV Semana Brasileira do Aparelho Digestivo (SBAD), o maior congresso de gastroenterologia da América Latina. No meio de nomes reconhecidos nacional e internacionalmente, um estudante da Unesulbahia brilhou:
Hugo Ferraz, aluno do oitavo semestre de Medicina na Unesulbahia, conquistou o segundo lugar na sessão de Colonoscopia com o trabalho “Desigualdade regional na realização de colonoscopias no SUS: análise nacional de 2008 a 2025”.
A origem do estudo: transformar dados em impacto social
Em conjunto com a Liga de Cirurgia, Hugo decidiu explorar uma pergunta simples, mas de grande relevância para a saúde pública: como as colonoscopias estão distribuídas regionalmente no SUS?
Com dados extraídos do Sistema de Informações Ambulatoriais (SAI) e populacionais do IBGE, Hugo calculou a taxa de colonoscopias por mil habitantes entre 2008 e junho de 2025. Os resultados foram expressivos:
Embora o Sudeste lidere em números absolutos, as regiões Norte e Nordeste apresentam menos de 5 colonoscopias por mil habitantes no período analisado. Em alguns anos, nem mesmo 1 exame por mil habitantes foi atingido;
E mesmo as regiões com melhor desempenho no Brasil não se aproximam dos países desenvolvidos, cujas taxas podem chegar entre 20 a 30 colonoscopias por mil habitantes/ano.
A discrepância surpreendeu o estudante: a desigualdade regional permaneceu bem alta, mesmo ajustando por mil habitantes.
“Me marcou bastante perceber o tamanho da desigualdade. Quando pegamos números absolutos, entendemos que o Sudeste é muito maior do que o Norte do que o Nordeste, mas quando você divide por 1000 habitantes, os números deveriam se igualar e, na verdade, isso não ficou nem perto de acontecer”, afirma.
Segundo Hugo, o trabalho se torna ainda mais relevante ao indicar caminhos para que entidades científicas possam pressionar por políticas públicas que ampliem o acesso ao exame.
“Os avaliadores até falaram, que poderia ser enviado, por exemplo, para a SOBED, que é a Sociedade Brasileira de Endoscopia, para servir de dado, para cobrar o governo, essas coisas”, conta.
A experiência no congresso
Para Hugo, estar presente na SBAD já era uma vitória. Mas apresentar sua pesquisa em um auditório enorme, diante de especialistas renomados — incluindo chefes de serviços de referência como o Hospital das Clínicas — foi uma experiência transformadora.
Ele lembra com surpresa e emoção o momento em que seu nome foi anunciado como vencedor:
“Eu não estava esperando. Só de estar ali, competindo com pessoas que fazem parte dos maiores centros do país, já era uma conquista enorme. Quando chamaram meu nome, eu nem acreditei.”, lembra.
O estudante destaca que muitos dos participantes eram palestrantes do próprio congresso, autores de técnicas avançadas, profissionais internacionalmente reconhecidos e representantes de instituições como USP, INCOR e Santa Casa.
Quando perguntado sobre o que diria a quem inicia a jornada na Medicina, Hugo foi direto ao ponto:
“Vá além da faculdade. As oportunidades existem, mas não caem na mão de ninguém. Pesquise, envie trabalhos, procure ajuda e corra atrás. O mundo é muito maior do que a sala de aula.”
Ao falar sobre sua formação, Hugo faz questão de destacar a importância da Unesulbahia em sua trajetória acadêmica, com uma cultura de pesquisa e extensão acadêmica ativa. Sua participação nas ligas ampliou seu contato com temas de cirurgia, endoscopia e investigação científica. E essa cultura de produção presente na Unesulbahia ajudou a consolidar o interesse pela pesquisa.
A trajetória de Hugo reflete um princípio que faz parte da essência da Unesulbahia: formar profissionais capazes, críticos, engajados e preparados para transformar realidades.
Histórias como a de Hugo mostram que, quando o estudante tem acesso a oportunidades, mentores dedicados e um ambiente que estimula a pesquisa, ele alcança patamares antes inimagináveis — inclusive dividindo palco com alguns dos maiores nomes da saúde no país.
A Unesulbahia celebra sua conquista e reafirma seu compromisso: formar estudantes de excelência, que fazem a diferença na pesquisa, na prática clínica e na sociedade.
