O 1º transplante de rim de um porco geneticamente modificado para um humano em vida foi realizado no dia 19 de março de 2024. Uma cirurgia semelhante, bem-sucedida, já havia sido realizada em 2021, por uma equipe em Nova York, como parte de pesquisa, em uma pessoa que faleceu por morte cerebral. Por isso, o destaque para a conquista no paciente vivo dessa vez.
A cirurgia foi comandada por Leonardo Riella, médico brasileiro, no Massachussets General Hospital, em Boston, Estados Unidos. Riella cursou a graduação em medicina na Universidade Federal do Paraná e o doutorado pela Universidade Federal de São Paulo. Fez residência em Clínica Médica também no BWH e a especialização em Nefrologia no programa combinado do BWH and Massachusetts General Hospital, Harvard Medical School, Boston, USA – assim consolidando a sua carreira do exterior.
Atualmente, atua como médico, professor e pesquisador no BWH, Harvard Medical School com pesquisa focada na área de imuno regulação e no desenvolvimento de novas terapias para indução da tolerância no transplante. Exerce as funções de co-diretor do Programa de Transplante Renal e diretor do Programa de Transplante Vascularizado Composto no BWH.
O porco foi o animal escolhido por ter um tamanho parecido com o dos humanos. A partir desse fato, o animal foi geneticamente modificado antes do seu nascimento para que a chance de rejeição do órgão fosse menor, melhorando a compatibilidade, além de um menor risco de infecção. O paciente escolhido foi Richard “Rick” Slayman, um homem negro de 62 com doença renal grave. Esse vive com diabetes tipo 2 e hipertensão, dependia da hemodiálise já há 7 anos e frequentemente tinha de ser internado com complicações.
A cirurgia foi um sucesso e é completamente revolucionária. Sabe-se que o rim é o órgão de maior espera na fila de transplante no Brasil. Cerca de 92% das pessoas na fila de espera por um transplante no Brasil, esperam por um rim. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, do total de 42 mil pessoas na fila de espera por algum órgão, 39 mil aguardam por um rim. Por isso, a vitória no procedimento é tão importante, podendo mudar essa realidade, transformando muitas vidas.
Para alcançar resultados como esse na carreira médica, na maioria das vezes existe um trabalho árduo por parte de todos os envolvidos. Nesse caso, foram anos de pesquisa, área que muitas vezes é pouco valorizada no Brasil. Esse caso nos relembra da importância de se valorizar e incentivar a pesquisa, o que já é fundamental para nós na Unesulbahia.
Acreditamos em uma medicina inovadora, disruptiva e que caminhe sempre na direção do cuidado para todos. Parabenizamos Leonardo Riella, sua equipe, o paciente Rick e todos que estiveram ao lado desses, principalmente pela coragem de fazer algo que, com certeza, mudará muitas vidas para melhor.
Fontes:
Currículo do Sistema de Currículos Lattes (Leonardo Vidal Riella) (cnpq.br)
Qual é a diferença entre hemodiálise e diálise peritoneal? – Clinirim (clinirimflorianopolis.com.br)